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[ Versión en Español ]

UM TIGRE J. Campos, the Cinza Wolf October 2003 |
- Tem um tigre olhando
- olhando para mim,
- desejando minha carne,
- ele me observa
- esperando que eu vacile
- com o poder de seu olhar astuto
- e encantador, quase hipnótico.
- apenas observo,
- calado, imóvel,
- admirando a beleza de tal predador,
- sinto-me silenciosamente subjulgado
- por aquele que apenas deseja
- enfiar suas presas em minha garganta
- e alimentar sua prole com minha carne.
- entendo sua condição
- melhor do que a minha
- sua vida simples, porém exata
- de predador supremo
- encanta-me cada vez mais
- mesmo sabendo que sou apenas
- uma refeição em seu olhar decidido.
- não é minha intenção
- aceitar tão facilmente a rendição,
- mas não tenho como fugir,
- logo, o que me resta é admirar
- sua beleza inata
- e saber que serei literalmente deglutido
- por um ser puro, imaculado,
- cuja alma não padece
- da mesma maldição que corrompe os meus
- e que corrompe esta terra
- cada vez mais e mais,
- não há mais o que falar aqui,
- pois o meu tempo acabou.
- apenas fecho os olhos
- e sinto as garras do tigre
- estraçalhando-me sem piedade.
- Sou apenas isso:
- um mero pedaço de carne
- para servir o poderoso felino que,
- junto com outros,
- formam o seleto e poderoso topo
- da cadeia alimentar
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ANGUSTIA J. Campos, the Cinza Wolf 17/04/2003 |
- Mais uma estação passou
- diante dos meus olhos
- e não senti a sua presença.
- Apenas pude comprovar
- que a amizade é uma mentira.
- Aqueles que parecem ser
- verdadeiros e fieis amigos,
- mostram-se apenas como covardes.
- Ou será que sou injusto
- ao desabafar minha angústia
- num simples pedaço de papel?
- Eles dizem que sou um monstro
- cruel, assassino, frio e sanguinário.
- Eles não entendem minha natureza.
- Sou apenas um predador
- e vivo como tal
- todos os dias de minha vida.
- Caçar, amar, matar, uivar,
- isso faz parte do meu quotidiano,
- mas eles não entendem
- e maltratam-me e machucam-me...
- Dor, é apenas isso
- que esses seres "humanos"
- podem me dar de bom?
- Não é meu dever julgar,
- uma vez que eles são limitados demais
- para entender o que se passa
- na mente complexa e confusa
- de uma fera como eu.
- É apenas isso o que me resta,
- Caçar, amar, matar, uivar,
- mas sou o mais refinado nesta arte,
- não sou um simples predador,
- sou um lobo.
- Mas isso fica para uma outra oportunidade
- caro amigo,
- pois devo parar agora
- e encerrar este desabafo,
- agradecendo a ti por me ouvir.
- dor, dor, o que tenho apenasv
- é dor...
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DOS MEUS OLHOS J. Campos, the Cinza Wolf 28/06/2003 |
- Dizem que chorar
- é o torpor dos fracos,
- o clamor por piedade,
- a rendição do verme
- a extinção do orgulho,
- a falta de amor
- por si mesmo
- Pois eu digo que o choro
- é a água que lava a alma,
- água vinda do lago da memória
- que brota dos olhos, abundante,
- fertilizando a face triste,
- revelando o espírito,
- desmascarando o indivíduo de mágoas.
- Chorar é o ato de se encontrar
- com a verdade dentro de si
- que clama para ser libertada,
- a verdade que é renegada.
- Lágrimas não são sinal de covardia,
- são apenas os excrementos
- de mentes por demais torturadas
- pelo caos que corrompe.
- Portanto, choro, não nego,
- choro pelo amor que perdi,
- pala aflição que sinto desde então,
- em saber que nunca encontrarei
- neste mundo podre,
- alguém que me ame
- como ela me amou.
- Resta-me apenas tentar ser amigo
- da doce e bela dama
- que é a solidão,
- que me recebe agora
- como um filho legítimo
- mas me amarga e brutaliza
- embora não sinta mais a dor...
- apenas aflição
- e a certeza
- de que morrerei só.
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OUTRO UIVO J. Campos, the Cinza Wolf 23/04/2002 |
- Sinto, mais uma vez, o chamado.
- A floresta reclama a minha prsença
- nesta noite sem núvens
- nas qual a minha querida amiga
- está lá no alto, brilhando,
- esperando por mim.
- Aqui não é lugar para desavenças,
- não tenho aqui nehuma preocupação.
- Não preciso esconder o lobo
- que realmente sou.
- Não há porque fugir
- dos instintos primitivos
- que me convidam para cantar.
- Muitos consideram o canto dos lobos
- algo ruim, macabro, maléfico.
- Mas não entendem que o uivo
- é pura poesia.
- Uma declaração de amor
- para a deusa de todos os lobos,
- a lua.
- A minha querida amiga lua.
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LUA J. Campos, the Cinza Wolf 02/10/2001 |
- Estou aqui, nesta noite,
- contemplando este céu limpo
- e suas estrelas, não há nuvens,
- apenas elas,e a minha amiga,
- a minha querida lua,
- iluminando esta bela e fria noite.
- Não consigo deixar de olhar
- para a sua infinita beleza prateada,
- seu contorno enganosamente perfeito;
- daqui da colina a vista é perfeita,
- e o meu desejo torna-se
- cada vez maior.
- Não resisto, e uivo
- para saudá-la, uivo de alegria.
- Estou pleno de paz e felicidade.
- Ela brilha cada vez mais forte,
- cada vez mais bela.
- E uivo,
- cada vez mais forte,
- cada vez mais belo.
- Anulou-se por hoje a fome,
- meu instinto natural está calmo,
- sou um lobo cansado,
- cansado de lutar contra tudo
- e contra todos.
- É por isso que estou aqui na floresta,
- isolado dessa selva tecnológica,
- sou padrão, clássico e antiquado.
- Mas assim me sinto bem,
- como um verdadeiro lobo,
- que caça e mata para viver,
- que lidera sua própria alcatéia,
- que se reproduz, dando continuidade a espécie,
- que regurgita para alimentar a sua prole,
- que ensina os filhotes a caçar e a sobreviver,
- que envelhece e vê os jovens tomando o poder,
- que morrerá, feliz com o dever cumprido,
- que renascerá, recomeçando o ciclo,
- o maravilhoso ciclo da vida.
- É por isso que estou aqui,
- uivando para ti, minha querida,
- minha querida amiga lua.
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DOIS MONSTROS, UMA BATALHA PARTE 1:SOB O DOMINIO DE LUA
J. Campos, the Cinza Wolf 01/12/2000 |
- O semblante é enganador,
- não podemos julgar ninguém pela aparência.
- Este é o meu caso.
- Aparento ser uma pessoa comum,
- um estranho na multidão.
- Mas, quando a luz dá lugar às trevas,
- apenas tocada pelo brilho da lua,
- mostro quem realmente sou,
- e, com as minhas garras afiadas,
- saio em busca da caça.
- Não demoro a farejar
- uma vítima em potencial.
- Avanço devagar, no mais absoluto silêncio,
- esperando o momento certo;
- um bote único e preciso.
- Com a vítima encurralada, realizo os instintos,
- rasgo a carne, sinto o cheiro de sangue sujo;
- bebo a luxúria e a inveja
- que correm nas veias profanas
- deste ser cujos olhos acusam o terror
- sentido ante a minha presença.
- Mas, a sua dor irá cessar...
- Sou dominado cada vez mais pela fúria.
- Meus ataques são cada vez mais violentos.
- A vítima não mais se debate;
- restam apenas ossos e sangue,
- mas ainda não estou satisfeito.
- A matança deve continuar.
- Não demoro a encontrar
- uma nova caça, e avanço
- mais uma vez, seguindo esse instinto,
- esse desejo macabro que não quer acabar.
- Saboreio esse venenoso sangue humano
- que tem o gosto doce da morte,
- e sinto que não há nada de puro,
- nem na carne, nem na alma.
- Enquanto estiver sob o domínio da lua,
- enquanto as trevas forem soberanas,
- esta terra tremerá apavorada
- com a minha existência perpétua.
- Sou um monstro, não sou humano,
- por isso não há remorso em mim,
- mesmo quando a luz vence novamente
- a interminável luta contra as trevas,
- e leva consigo os meus poderes de predador,
- não vacilo em nenhum momento,
- pois os humanos não merecem piedade.
- Sou um instrumento de purificação:
- devo exterminar os "vermes" dessa terra
- sempre que as trevas retornarem
- e a lua estiver lá me esperando,
- porque a caçada deve continuar.
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DOIS MONSTROS, UMA BATALHA PARTE 2: GUERREIRO DA PAZ
J. Campos, the Cinza Wolf 01/12/2000 |
- Sou um guerreiro em busca de paz.
- Não posso tolerar a morte diante de mim.
- Sou o único com a coragem
- necessária para enfrentar o amaldiçoado ser
- que traz o temor para o meu povo.
- Devo encontrar tal demônio,
- derrotá-lo, ou morrer na tentativa.
- Não é difícil seguir o seu rastro:
- incontáveis são os cadáveres que encontro;
- já é possível sentir o cheiro da carnificina,
- pois o ar está úmido de sangue.
- Ele quer que o encontre,
- e isto não demora a acontecer.
- Finalmente encontro a criatura,
- com seu olhar sombrio e suas garras afiadas.
- Estou pronto para a batalha,
- mas o homem-lobo não avança,
- apenas me observa com atenção.
- Ele faz um gesto
- e some na escuridão.
- Devo segui-lo, até o inferno, eu sei,
- mas não há alternativa.
- Sou levado para um abrigo subterrâneo.
- Pergunto onde estou, mas sou ignorado.
- Ele permanece no mais absoluto silencio.
- Posso observar, durante este macabro passeio,
- monstros como ele, outros ainda mais assustadores,
- mas, diferente do que esperava,
- eles vivem na mais perfeita harmonia.
- Vejo fraternidade e paz aqui
- neste lugar sujo e assustador.
- Vejo sentimentos que eram considerados lendas
- entre os meus, e choro.
- Finalmente ele pára, faço o mesmo;
- continua em silêncio, sem piscar.
- Saco a minha espada,
- mas não demonstra qualquer reação.
- Jogo a arma no chão.
- Leste e oeste meus braços sinalizam;
- entrego esta minha carne impura.
- Ele me mostrou o quanto é ruim ser humano;
- eu é que sou o monstro.
- Tento agradecer, mas é difícil
- quando se está vomitando sangue.
- Tento me manter consciente ao máximo,
- mas é difícil quando o seu corpo
- está sendo rasgado por garras e presas,
- seus membros são arrancados
- e quando se vê o próprio sangue no chão.
- A dor não me permite raciocinar,
- mas estou morrendo consciente
- de que sou o veneno desta terra.
- O verdadeiro mal que corrompe,
- macula e destrói.
- Talvez acorde num lugar melhor,
- junto a eles, como um irmão,
- para lutar na conquista desse mundo
- pela total purificação,
- mas não sou digno.
- Finalmente, fecho os olhos para a eternidade,
- com um único pensamento na mente:
- Amém!
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MEU QUERIDO LOBO J. Campos, the Cinza Wolf 28/03/2002 |
- Não,
- por favor, me deixe em paz.
- Não macule o meu corpo,
- não condene a minha alma.
- Não, por favor, não, não...
- -Sim.
- Agora é tarde.
- Não adianta lutar contra mim.
- Sou seu lobo negro.
- Não adianta resistir,
- você não é forte o suficiente
- em nenhum momento.
- Muito menos quando a lua,
- com o seu brilho máximo,
- clama pela minha presença.
- Vamos, acompanhe-me sem hesitar;
- caso contrário, a sua vida
- será um eterno tormento.-
- Mais uma vez assumo a fera,
- este semblante assustador.
- Sinto o desejo de trucidar,
- matar, estraçalhar carne humana,
- sentir o gosto de sangue nos meus lábios.
- Estou vacilando...
- -Que sensação maravilhosa,
- rasgar a carne com as minhas garras,
- observar o infinito medo
- nos olhos de cada vítima,
- e arrancar seu coração com meus dentes.
- É delicioso,
- como um coração pode ser tão delicioso.
- Não consigo explicar.-
- Também não consigo explicar
- como posso me sentir tão bem
- matando de forma tão cruel.
- Estou cada vez mais perto
- de me render a ti,
- meu querido lobo.
- -Agora, com a fúria acalmada,
- posso admirar a deusa luna.
- Sua infinita beleza me encanta.
- Não consigo resistir
- E uivo de alegria,
- cada vez mais alto e forte.
- Como estou me sentindo bem.-
- Desisto. Por favor, aceite-me
- como teu companheiro.
- Sejamos um só.
- Você estava com a razão.
- Não posso lutar contra minha real natureza.
- Por favor, me perdoe.
- -Enfim, a comunhão plena.
- Seremos ainda mais fortes,
- ainda mais cruéis,
- ainda mais sanguinários,
- ainda mais terríveis
- e, principalmente,
- seremos um só.
- Seja bem vindo a sua realidade,
- meu querido amigo.-
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FRIO J. Campos, the Cinza Wolf 26/07/1998 |
- Nesta noite fria e chuvosa
- saio a voar em busca de explicação.
- Mas o que vejo, assim como os pingos
- gélidos de água em minhas asas,
- trazem-me a frustração
- ao comprovar que, destas trevas,
- não só os céus compartilham.
- Lanço-me aos céus em busca de uma solução,
- sinto meu pêlo molhado
- e o frio que envolve esta escuridão,
- meus olhos cansados,
- e uma profunda dor no coração.
- Vejo, perplexo, indivíduos dormindo nas ruas,
- sentindo frio, entregues ao destino,
- passando fome, rostos sem nome,
- imagens que não somem
- da minha mente, dos meus pensamentos,
- devido ao meu envolvimento
- que, de forma sentimental,
- resgata meu lado reflexivo, cordial.
- Faz frio, bastante frio.
- Tenho minhas asas,
- nas quais posso me envolver;
- e eles, que não tem asas, nem casas,
- nada que alivie o sofrer.
- Sei que, emocionando-me, enriqueço o meu brio.
- Mas, por quanto tempo, Senhor,
- conseguirei proteger-me do frio?
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LYCEUS J. Campos, the Cinza Wolf 23/04/2002 |
- Estava sozinho na floresta
- caçando para sobreviver,
- como todo lobo faz.
- Mas estava cansado,
- cansado de caçar sozinho.
- Sempre desejei encontrar um alcatéia.
- Mas nunca consegui encontrar
- um lobo sequer
- para ser meu amigo.
- Um dia, contudo, escutei um uivo
- vindo de não muito longe.
- Será? Outro lobo.
- Fiquei muito ansioso.
- Será que encontrei um amigo?
- Era um lobo marrom
- com listras pretas nas costas,
- achei engraçado à princípio.
- Dentro de todas as minhas expectativas
- encontrei nesse lobo marrom
- um amigo verdadeiro, leal e nobre.
- Ele também procura uma alcatéia,
- mas agora será mais fácil
- porque agora ele não está só.
- Nem eu. Somos amigos.
- Foi bom ter te encontrado, Lyceus.
- Agora eu sei muito sobre mim
- graças à tua sabedoria.
- Obrigado, lobo marron
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